Geografia
É
muito antiga a preocupação do homem em conhecer o meio no qual se desenrola sua
vida, algumas vezes por curiosidade, outras com fins econômicos ou políticos. A
abordagem sistemática do conhecimento da Terra é precisamente o objetivo da
geografia, disciplina cujo nascimento pode ser situado na própria origem do
homem, embora só tenha alcançado a categoria de ciência com o florescimento da
civilização grega.
Geografia
é o estudo da superfície da Terra. Sua denominação procede dos vocábulos gregos
geo ("Terra") e graphein ("escrever"). A superfície
terrrestre, que compreende a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e a biosfera,
é o habitat, ou meio ambiente, em que podem viver os seres humanos.
A
área habitável da superfície terrestre apresenta várias características, das
quais uma das mais importantes é a complexa interação dos elementos físicos,
biológicos e humanos, como relevo, clima, água, solo, vegetação, agricultura e
urbanização. Outra característica é a grande variabilidade do ambiente de um lugar
para outro, dos trópicos às frias regiões polares, de áridos desertos a úmidas
florestas equatoriais, de vastas planícies a montanhas escarpadas, de
superfícies geladas e desabitadas a metrópoles densamente povoadas. Outra
característica ainda é a regularidade com que se registram determinados
fenômenos, como os climáticos, o que permite generalizações sobre sua
distribuição espacial. Os exemplos mais óbvios são as medidas de temperatura e
precipitação, principais elementos climáticos para a agropecuária e outras
atividades humanas.
A
geografia se preocupa particularmente com a localização de seu objeto, com as
inter-relações dos fenômenos (especialmente a relação entre a sociedade humana
e a terra, da mesma forma que a ecologia), com a regionalização e com as
afinidades entre as áreas. Pesquisa a respeito dos lugares onde as pessoas
vivem, sua distribuição sobre a superfície da Terra e os fatores -- ambientais,
culturais, econômicos e relativos a recursos naturais -- que influem nessa
distribuição. Tenta responder a questões sobre a possibilidade de reconhecer
uma região pela população, meio de vida e cultura e sobre os movimentos e
relações que ocorrem entre os diferentes lugares.
Evolução
da geografia
Os
primeiros registros de conhecimentos geográficos se encontram em relatos de
viajantes, como o grego Heródoto, no século V a.C. A percepção dos gregos sobre
a Terra era bastante avançada, e filósofos como Pitágoras e Aristóteles
acreditavam que ela tinha a forma esférica. No século III a.C., Eratóstenes de
Cirene, na Geographica, primeira obra a usar a palavra geografia no título,
calculou a circunferência da Terra com assombrosa aproximação.
Posteriormente,
o geógrafo e historiador grego Strabo compilou todo o conhecimento clássico
sobre geografia numa obra de 17 volumes sobre a época de Cristo, que se tornou
a única referência sobre obras gregas e romanas desaparecidas. Outra importante
contribuição, apesar dos erros que seus estudos apresentavam, foi a do
astrônomo e geógrafo Ptolomeu, do século II da era cristã.
Com
a queda do Império Romano no Ocidente, o conhecimento geográfico greco-romano
perdeu-se na Europa, mas, durante os séculos XI e XII foi preservado, revisto e
ampliado por geógrafos árabes. As adições e correções que estes fizeram, no
entanto, foram ignoradas pelos pensadores europeus que, na época das cruzadas,
retomaram as primeiras teorias. Assim, os erros de Ptolomeu se perpetuaram no
Ocidente até que as viagens realizadas dos séculos XV e XVI começaram a
reabastecer a Europa de informações mais detalhadas e precisas sobre o resto do
mundo. Em 1570, o cartógrafo flamengo Abraham Ortelius organizou vários mapas
sob a forma de livro, no primeiro atlas de que se tem notícia.
Uma
importante figura da retomada dos estudos de geografia foi o alemão Bernhardus
Varenius (Bernhard Varen), cuja Geographia generalis (1650; Geografia geral)
foi várias vezes revisada e permaneceu como principal obra de referência
durante um século ou mais. Também era de Flandres o cartógrafo mais importante
do século XVI, Gerardus Mercator (Gerard de Cremer), que criou um novo sistema
de projeções, aprimorando os que usavam longitudes e latitudes.
No
século XVIII, James Cook fixou novos padrões de precisão e técnica em
navegação. Realizou viagens com fins científicos e, na segunda delas, a mais
famosa, de 1772 a 1775, circunavegou o globo. Na França surgiu a primeira
pesquisa topográfica detalhada de um grande país, levada a cabo entre os
séculos XVII e XVIII por quatro gerações de astrônomos e pesquisadores da
família Cassini. Em seu trabalho se baseou o atlas nacional da França,
publicado em 1791.
Como
muitos que o antecederam, Alexander von Humboldt se propôs conhecer outras
partes do mundo, mas acabou se distinguindo pela cuidadosa preparação que
antecedia suas viagens, pelo alcance e precisão de suas observações. São de
especial interesse seus estudos sobre os Andes (feitos durante uma viagem às
Américas Central e do Sul, entre 1799 e 1804), em que pela primeira vez se fez
uma descrição sistemática e inter-relacionada da altitude, temperatura,
vegetação e agricultura em montanhas situadas em regiões de baixa latitude.
Surgimento
da geografia moderna. Humboldt lançou as bases da geografia moderna, com ênfase
na observação direta e nas medições acuradas como base para leis gerais. O
filósofo Immanuel Kant, por sua vez, em Kritik der reinen Vernunft (1781;
Crítica da razão pura), definiu satisfatoriamente o lugar da geografia entre as
diferentes disciplinas: afirmou que a geografia lida com os fenômenos
associados no espaço da mesma forma que a história lida com os fatos que
ocorrem durante uma mesma época. Tanto Kant quanto Humboldt lecionaram
geografia física e foram contemporâneos de Carl Ritter, que ocupou a primeira
cadeira de geografia criada numa universidade moderna.
Três
inovações institucionais do século XIX também desempenharam importante papel no
surgimento da geografia moderna: o novo perfil das universidades, a criação de
sociedades geográficas e as pesquisas sobre características e recursos naturais
patrocinadas por governos de diversos países. O estabelecimento de estações
dirigidas à observação geográfica sistemática auxiliou o mapeamento de muitos
fenômenos físicos.
A
geografia como disciplina acadêmica, ou seja, como campo de pesquisas e estudos
avançados em universidades, estabeleceu-se na Alemanha na década de 1870.
Seguiram-se a Prússia, a França e outros países da Europa. Entre os principais
estudiosos desse período de expansão e definição do objeto da geografia estavam
o geógrafo e geólogo alemão Ferdinand Paul Wilhelm, barão de Richthofen, que
escreveu um monumental estudo de cinco volumes sobre a geografia chinesa e
influenciou o desenvolvimento da metodologia geográfica na Alemanha e em outros
países. Outro alemão, Friedrich Ratzel, escreveu trabalhos pioneiros em
geografia humana e política.
O
crescimento da quantidade de geógrafos com formação acadêmica avançada levou ao
surgimento de diferentes correntes dentro da disciplina. Embora diferissem
quanto aos pontos de vista e na ênfase dada a determinados aspectos, cada uma
dessas escolas se preocupava com as questões propriamente humanas e suas
diferenças de região para região. Paul Vidal de La Blache foi um dos principais
responsáveis pelo surgimento da geografia moderna na França. Deve-se a ele a
definição do campo da geografia regional, com ênfase no estudo de áreas
pequenas e relativamente homogêneas. Foi o primeiro professor de geografia da
Sorbonne e planejou uma obra monumental, que cobria a geografia regional em
todo o mundo, mas não viveu o bastante para concluí-la. Géographie universelle
(1927-1948) foi completada por seu aluno Lucien Gallois e é uma das mais
bem-sucedidas publicações sobre o tema.
Século
XX. Durante o século XX, a geografia evoluiu rapidamente e ganhou novos
conceitos e metodologias. No princípio, a geomorfologia foi o campo geográfico
mais atraente, com predominância das teorias do americano William Morris Davis
que, na primeira metade do século, desenvolveu o conceito de ciclo de erosão e
formou uma nova geração de geógrafos.
Até
meados do século, enfocou-se particularmente a geografia regional e a grande
diversidade de lugares e povos do mundo. Após a segunda guerra mundial, os
geógrafos regionais eram freqüentemente associados com a implementação de
programas econômicos em áreas menos desenvolvidas. Na década de 1960, a atenção
se voltou para o desenvolvimento de métodos quantitativos e a construção de
modelos de sistemas físicos e humanos. No final dessa década e início da
seguinte, voltaram à discussão as preocupações com o meio ambiente, após um
período de relativo esquecimento.
Nas
décadas de 1970 e 1980, o surgimento de modelos quantitativos baseados em
grandes conjuntos de dados apurados em censos e outros tipos de levantamento
foi entendido por alguns geógrafos como um excesso de preocupação com o espaço
abstrato, em detrimento da localização terrestre. Reivindicou-se, então, uma
abordagem mais comportamental, que envolvesse percepções e escolhas
individuais, além de uma geografia mais humanística. Outras correntes reivindicaram
abordagens mais radicais, mas, permeando todas as mudanças, havia o propósito
comum de privilegiar os seres humanos e suas sociedades, o meio ambiente físico
e biológico, o caráter regional de certos fenômenos e as associações e relações
que se verificam em cada região, vistas tanto do ponto de vista ecológico como
sistêmico.
Ainda
nesse século, se multiplicaram as fontes de dados estatísticos, especialmente
com a realização de censos nacionais em muitos países. A fotografia aérea
mostrou ser um novo e importante instrumento de trabalho, mas ainda mais
poderosas e promissoras foram as possibilidades abertas pelo sensoriamento
remoto a partir de satélites artificiais e pela utilização de computadores no
tratamento de enormes volumes de dados.
O
objetivo central do estudo da geografia -- a superfície da Terra -- mudou
rapidamente na segunda metade do século XX. Os geógrafos, assim como os
cientistas e acadêmicos de muitas outras áreas, passaram a se preocupar com
vários outros problemas: a desertificação, causada tanto pelas repetidas secas
quanto pela ação do homem; o desmatamento de florestas equatoriais, que afeta
negativamente o delicado equilíbrio biológico; a ameaça de desastres naturais
de todos os tipos e também acidentes causados pelo homem, particularmente
nucleares; a poluição ambiental, como a chuva ácida e a poluição atmosférica
nas cidades; as altas taxas de crescimento populacional, que criam problemas de
sobrevivência em alguns países de recursos limitados; o problema da
desigualdade regional na distribuição dos recursos e das riquezas; e a ameaça
da fome e da miséria, exacerbada por problemas econômicos e políticos.
Entre
os campos potenciais de desenvolvimento da geografia encontram-se a exploração
de recursos minerais e de outros tipos nos oceanos, a utilização da engenharia
genética para aumentar a produtividade agrícola e solucionar problemas criados
pelas pragas que inibem a expansão das culturas em muitas regiões do mundo e o
aperfeiçoamento da supercondutividade para melhorar o problema da distribuição
de energia elétrica. Todos esses problemas e perspectivas envolvem questões
geográficas -- já que estão ligados a fatores naturais e humanos e a sua
distribuição espacial -- e apresentam sempre novos desafios para os estudiosos.
Métodos
da geografia
Mapeamento
e medições. O mapa é o banco de dados por excelência do geógrafo. Como a
geografia lida particularmente com localização, distribuição, características
regionais e inter-relação de fenômenos no espaço, a observação e a medição
acuradas da superfície da Terra, bem como o registro e a localização nos mapas
são de primordial importância.
Comumente,
utilizam-se as medidas de latitude e longitude para localizar um ponto da
superfície do globo. Medidas razoavelmente exatas de latitude foram feitas na
antiguidade pelos estudiosos gregos, mas as medidas de longitude esbarraram
sempre no problema dos fusos horários (o Sol se "desloca" em média um
grau a cada quatro minutos). O aperfeiçoamento do cronômetro resolveu esse
problema, mas, durante muito tempo, cada país teve seu próprio sistema de
numeração dos meridianos. Um acordo internacional de 1884 finalmente reconheceu
como primeiro meridiano (ou seja, 0o de longitude) uma linha imaginária traçada
de pólo a pólo, passando por Greenwich, perto de Londres.
A
medição de grandes distâncias se fazia, primitivamente, em dias de viagem a pé,
de camelo, a cavalo ou por outros meios. Uma forma prática de medir distâncias
marítimas foi desenvolvida no século XVI, quando se jogava uma tora de madeira
na água e se media o tempo que a tora estacionária levava para cobrir uma certa
distância sobre uma linha marcada com nós. A navegação controlada por satélite
tornou-se comum no fim do século XX, mas a velocidade de um navio ainda é
medida em nós. O metro foi adotado como medida padrão na França no fim do
século XVIII e gradualmente substituiu antigas unidades de medida na maior
parte do mundo ao longo dos séculos XIX e XX.
O
mapeamento de áreas menores pode ser feito por um método denominado
triangulação, usado, por exemplo, nos mapas topográficos. Toma-se uma linha de
referência, medida em qualquer unidade, como um dos lados de um triângulo cujos
dois outros lados são calculados pelos ângulos medidos nas duas extremidades da
linha de referência. Os ângulos permitem medidas mais exatas que as distâncias,
por meio de instrumentos como o teodolito. Esse método foi utilizado em grandes
levantamentos realizados na Europa e no continente americano do século XVIII ao
XX. A representação da Terra como um todo, ou mesmo de grandes áreas em mapas,
porém, constituiu sempre um grande problema.
Em
1492, o navegador e geógrafo alemão Martin Behaim concluiu a construção de um
globo terrestre. Os navios que seguiam em linha reta orientados por mapas
desenhados no plano não chegavam aos pontos esperados. Mercator criou um
sistema de projeção -- conhecido como projeção de Mercator -- pelo qual os
navios que seguissem linhas retas chegavam aos pontos indicados no mapa. Embora
fosse excelente para a navegação, o método era insuficiente para muitas
comparações geográficas, uma vez que o tamanho das áreas em latitudes mais
altas apresentava-se grosseiramente aumentado. A Groenlândia, por exemplo,
parecia maior que a América do Sul, embora tenha de fato menos de um oitavo da
superfície daquele subcontinente. Sob nenhum aspecto a Terra pode ser
representada com precisão no papel, pois é necessário distorcer o ângulo, a
distância ou a escala. Os geógrafos modernos usam mapas desenhados com uma
projeção que privilegia as proporções das superfícies, mas mesmo essa projeção
distorce formas e distâncias, especialmente nos extremos do mapa.
Com
a crescente especialização do saber, a medição da forma da Terra ficou a cargo
da disciplina conhecida como geodésia. A construção de mapas com projeções
adequadas evoluiu para o campo da cartografia, disciplina que se ocupa da
representação dos fenômenos espaciais sobre um plano. Apesar disso, os mapas se
mantiveram como os principais instrumentos da geografia na representação
gráfica e na análise de uma vasta gama de dados físicos, biológicos,
históricos, econômicos, políticos e sociais. Além da cartografia, de especial
importância para o geógrafo, são também importantes a estatística e a
informática.
Aerofotogrametria
e sensoriamento remoto. Durante o século XX, fizeram-se grandes progressos na
observação da superfície terrestre graças ao emprego da aerofotografia e, mais
tarde, pelas imagens captadas por satélite. A primeira foi utilizada
inicialmente durante a primeira guerra mundial e deu origem a um novo campo
profissional, voltado para a interpretação das fotos. Atualmente, são inúmeras
as modalidades e aplicações da fotografia aérea, inclusive com o uso de raios
infravermelhos.
Ainda
mais revolucionária foi a rápida evolução, a partir do fim da década de 1950,
do sensoriamento remoto por meio de satélites artificiais. O primeiro satélite
para monitoramento do clima foi o Nimbus, lançado em 1964 e, desde então, seu
uso combinado ao de satélites de comunicação permite estudar simultaneamente o
clima em diversas regiões do mundo. Os satélites também contribuíram para uma
determinação mais exata da forma da Terra e revelaram muitas irregularidades
ainda não reconhecidas.
Disciplinas
da geografia moderna
Quanto
a seu objeto de estudo, a geografia mantém muitas afinidades com outras
ciências, como a meteorologia, a geologia, a biologia, a economia, a sociologia
e a história. Apresenta, além disso, pontos em comum com a psicologia, a
filosofia e a teologia, já que tanto as idéias como os fatos humanos se manifestam
espacialmente. A ecologia é a ciência mais afim com a geografia, e chegou-se
até a definir essa última como ecologia humana. Não obstante, uma grande
diferença as separa, já que a primeira se encarrega do estudo do ecossistema,
entendido como unidade funcional dos seres vivos e do meio a sua volta,
enquanto a segunda estuda e interpreta a distribuição espacial dos
ecossistemas.
A
semelhança com outras ciências levou muitos a considerarem a geografia como uma
soma de elementos que individualmente pertenceriam a outras ciências. Contudo,
o caráter de síntese e a busca da interação entre os fenômenos que conformam a
realidade terrestre outorgam à geografia características próprias. A geografia
se divide em campos sistemáticos e especializações regionais, que podem ser
reunidas em três grupos principais: geografia física, geografia humana e
geografia regional.
Geografia
física. As principais atividades do geógrafo físico -- observação, medição e
descrição da superfície da Terra -- são os aspectos da geografia geral mais
perceptíveis ao não especialista. A crescente complexidade das questões
geográficas, porém, exigiu uma progressiva especialização, o que deu margem à
criação de novas disciplinas, como ocorreu com a geomorfologia, a climatologia,
a biogeografia e a geografia dos solos, ramos da geografia física. Com o
aumento da capacidade humana de alterar as paisagens e a ecologia mundial, dois
novos ramos surgiram: o manejo de recursos e estudos ambientais.
Os
temas do manejo de recursos e dos estudos ambientais são de especial interesse
para os geógrafos, pois envolvem tanto sistemas físicos quanto biológicos, por
um lado, e sistemas humanos, por outro, e todos eles têm relações específicas
com o espaço que ocupam. O manejo de recursos tende a direcionar a utilização
dos recursos naturais em benefício da humanidade, geralmente com exploração
sustentada ou planejamento de longo prazo, como, por exemplo, no uso de
recursos aquáticos de um curso d'água para múltiplas finalidades (energia,
irrigação e lazer).
Os
estudos ambientais abordam a ameaça imposta a animais e vegetais pela atividade
humana; a degradação da atmosfera, da hidrosfera e da litosfera por poluição de
muitos tipos; e a combinação desses dois aspectos, como ocorre no caso da chuva
ácida resultante da produção de energia a partir de hidrocarbonetos, e no caso
da redução da camada de ozônio pelo uso de clorofluorcarbonos. Em todos esses
estudos os geógrafos levam em conta tecnologias alternativas, custos, impactos
sobre outros sistemas, políticas alternativas e distribuição espacial do
benefício ou do problema.
Geografia
humana. Um dos problemas centrais da geografia humana é explicar a distribuição
e as características dos povos -- área de estudo específica da geografia das
populações. Essa distribuição, porém, somente pode ser compreendida quando se
presta atenção à forma como os povos satisfazem suas necessidades e garantem
sua subsistência; a seus valores culturais e sociais, ferramentas e
organização, que são os campos de estudo da geografia cultural e social; à
forma como se concentram em cidades e áreas metropolitanas, objeto da geografia
urbana; a sua organização política, estudada pela geografia política; a sua
saúde e às doenças que os afetam, campo da geografia médica; e à evolução de
seus hábitos, matéria da geografia histórica.
Geografia
das populações. No estudo da distribuição da população, a geografia das
populações leva em conta várias características, como crescimento, quantidade,
densidade, idade, sexo, fertilidade, mortalidade, crescimento natural e
ocupação; divisão em grupos rurais e urbanos, étnicos, lingüísticos ou
religiosos; e migrações. Em geral, os geógrafos não se contentam com médias
nacionais, que freqüentemente encobrem fortes contrastes regionais. Em lugar
disso, tentam medir e descrever variações regionais e locais. Em algumas
regiões, por exemplo, a população aumenta, enquanto em outras declina, e essas
variações são quase sempre acompanhadas de fluxos migratórios substanciais.
Alguns
estudos geográficos abordam a distribuição espacial, a mobilidade espacial, ou
a diversidade espacial em relação ao meio ambiente e aos recursos,
freqüentemente representados nos mapas. Outros estudos se preocupam mais com
fertilidade, mortalidade, crescimento populacional e previsões apoiadas em
modelos demográficos. Outros ainda abordam questões de política populacional.
Geografia
econômica. O conhecimento do modo como as pessoas garantem sua sobrevivência em
termos econômicos é básico para a compreensão da distribuição da população. É
de especial interesse geográfico a localização da atividade econômica em sua
evolução histórica dentro de contextos culturais e tecnológicos específicos,
baseada em combinações particulares de recursos físicos, biológicos e humanos,
condições econômicas e políticas, bem como de ligações e movimentos
inter-regionais. Por exemplo, no estudo do surgimento de centros metalúrgicos
de um país, é preciso considerar não apenas a localização e disponibilidade das
matérias-primas, mas também fatores como a disponibilidade, qualificação e
custo da mão-de-obra; distâncias e custos de distribuição para os mercados;
custos de implantação; e até mesmo mudanças nas taxas de câmbio dos países
competidores, entre outros fatores.
Geografia
cultural e social. Cinco temas principais caracterizam a geografia cultural:
cultura, área cultural, paisagem cultural, história cultural e ecologia
cultural. O primeiro deles refere-se à distribuição no espaço e no tempo de
culturas e dos elementos da cultura, como artefatos e ferramentas, técnicas,
atitudes, costumes, línguas e crenças religiosas. A área cultural diz respeito
aos complexos culturais em sua organização espacial e a paisagem cultural aborda a associação de
características humanas, biológicas e físicas sobre a superfície da Terra (especialmente
as que são visualmente perceptíveis), alteradas ou não pela ação humana. Esse
campo tende a concentrar seus estudos nas sociedades tradicionais, e sua
principal preocupação tem sido os aspectos espaciais dos grupos minoritários,
como mulheres, idosos e pobres.
Geografia
urbana. Bem mais abrangente que a geografia cultural, a geografia urbana é um
campo de grande importância em nações com economias mais desenvolvidas e altos
níveis de urbanização, como os países da Europa ocidental e da América do
Norte, a Austrália e o Japão. Entre outros tópicos, estuda os fatores que
influenciam a localização de determinadas cidades, sistemas urbanos, diferenças
regionais em urbanização, expansão de áreas metropolitanas, problemas sociais e
habitacionais etc.
Geografia
política. Os estudos de geografia política em nível internacional se concentram
na organização do mundo em estados; nas alianças regionais entre países, de um
lado, e sua subdivisão político-administrativa, de outro; na delimitação e
demarcação de fronteiras; na escolha de locais para as capitais etc. Em nível
nacional, estuda movimentos separatistas e distribuição dos votos conforme
interesses regionais, entre outros temas.
Geografia
médica. Três tipos diferentes de estudos estão incluídos sob a especialidade da
geografia médica. Um deles é o estudo da difusão de doenças infecciosas a
partir dos centros de ocorrência, que incluem o mapeamento da distribuição de
determinada doença. Em segundo lugar estão os estudos da relação entre
desnutrição e problemas médicos. O terceiro campo inclui as pesquisas sobre
disponibilidade de serviços médicos e sua distribuição ótima.
Geografia
histórica. A geografia de épocas passadas e suas mudanças ao longo do tempo é o
tema da geografia histórica. O primeiro aspecto analisado é o estudo horizontal
dos padrões apresentados em épocas específicas; o outro é a análise vertical do
processo de mudança ao longo do tempo. Esse campo cresceu muito na segunda
metade do século XX.
Geografia
regional. Em contraste com os campos sistemáticos da geografia, que enfocam
categorias particulares de fenômenos, na forma como se distribuem pelo globo, a
geografia regional estuda as associações regionais de todos ou alguns desses
elementos e, especialmente, sua evolução histórica. Trata-se de uma abordagem
relativamente recente -- os trabalhos pioneiros nesse campo datam do fim do
século XIX e início do século XX -- à qual muitos geógrafos têm se dedicado,
mas que algumas vezes apresenta-se como claramente subordinada a outros campos
da geografia sistemática. Uma das questões metodológicas a superar é a forma
como o mundo deve ser dividido do ponto de vista da geografia regional. A
divisão em continentes foi adotada por algum tempo. Mais recentemente, contudo,
as regiões com semelhanças culturais ganharam maior reconhecimento, como por
exemplo América Latina, Oriente Médio, Mediterrâneo etc. A divisão em função de
fatores climáticos ou de vegetação podem ser muito úteis em alguns casos, uma
vez que estão estreitamente ligadas ao tipo de agricultura praticado e demais
atividades humanas.
A
sua enciclopédia na internet.
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