• Volta Seca – Cantigas de Lampeão



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    O cangaceiro do bando de Lampião, Antônio dos Santos, apelidado de Volta Seca, canta nas oito faixas deste CD, originalmente editado num LP de dez polegadas da gravadora Todamérica, em 1957, com arranjos do maestro Guio de Moraes e narração do apresentador da Rádio Nacional Paulo Roberto.


    Cada faixa é prefaciada por um texto curto (meio romanceado, como convinha na época), lido pelo locutor. Em seguida, Volta Seca entoa as melodias quase à capela e a orquestração irrompe geralmente no compasso do baião, com acordeom e zabumba.


    Os épicos da saga de Lampeão, Mulher Rendeira (com os versos originais, utilizados no ataque do bando à cidade de Mossoró), Acorda Maria Bonita (a cantiga de despertar do grupo) e mais a lírica:


    Acorda Maria Bonita
    Acorda vai fazer o café
    Que o dia já vem raiando
    E a polícia já está de pé


    Se eu soubesse que chorando
    Empatava sua viagem
    Meus olhos eram dois rios
    Que não te davam passagem


    Cabelos pretos e anelados
    Olhos azuis delicados
    Quem não ama a cor morena
    Morre cego e não ver nada


    Entram no precioso registro, onde todas as composições são atribuídas exclusivamente a Volta Seca.


    Não falta o desafio Sabino e Lampião , no qual o bando, que chegou a somar 240 integrantes, cutuca o chefe com vara curta, e lamentos quase parnasianos como Escuta Donzela (encordoado por um violão na linha de Dorival Caymmi).


    Cangaceiro a partir dos 11 anos, prisioneiro da polícia por outros 20, Volta Seca mostra seu talento de voz trêmula nas queixas de Eu Não Pensei Tão Criança ("na flor da infância/ padecesse assim").


    O baião Ia Pra Missa decifra o código dos embarcados para a guerra contra os "macacos" da força repressora. E a laranjeira transborda de requinte poético, ao comparar o amor não correspondido ao bacutinho, a flor que fenece e morre sem dar frutos.


    Uma pequena jóia histórica de curta duração.

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